Notícias do setor
14/10/2021
Notícias do Setor

Custos do despacho para segurança energética vão bater R$ 28 bilhões

Segundo o presidente do Conselho de Administração da CCEE, Rui Altieri, os encargos do sistema estavam baixo desde outubro do ano passado, entretanto em setembro desde ano chegou a R$ 63,00 adicionais por MWh

ROBSON RODRIGUES, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE SÃO PAULO (SP)

Os custos do despacho para segurança energética vão atingir R$ 28 bilhões, segundo o presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Rui Altieri Silva, durante o Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase).

O executivo lembrou que os encargos do sistema estavam baixos desde outubro do ano passado, entretanto em setembro desde ano chegou a R$ 63,00 adicionais por MWh, principalmente pelo custo do combustível das térmicas. O ponto positivo, na avaliação de Altieri, é que isso “agrega 18 pontos percentuais aos níveis dos reservatórios”, já que o acionamento reduz a necessidade de uso da energia hidráulica.

“O ponto de atenção é o custo do PLD, que vai ser na ordem de 28 bilhões de reais. Isso se deve ao combustível das térmicas. Os custos econômicos ficarão ainda por um tempo”, prevê. Outro ponto que ele coloca é o alto custo econômico e ambiental dessas usinas operando em óleo diesel.

“Temos que investir em térmicas eficientes, ambientalmente razoáveis (…) Na recontratação temos que prezar por isso. Tem térmica operando a R$2.400,00 MWh. Isso é inaceitável”.

CCEE liquida R$ 5 bilhões por mês com o agravamento da crise hídrica, diz Altieri

Segundo o presidente do Conselho da entidade, a diferença entre os montantes contratados e os montantes gerados ou consumidos pelos agentes de mercado está muito alto

ROBSON RODRIGUES, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE SÃO PAULO (SP)

O presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Rui Altieri Silva, afirmou que a entidade está liquidando por mês aproximadamente R$ 5 bilhões, no mercado de curto prazo por causa do agravamento da crise hídrica que o Brasil passa atualmente.

A informação foi dada durante o Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase) em que o executivo afirmou que a diferença entre os montantes contratados e os montantes gerados ou consumidos pelos agentes de mercado está muito alta.

Por outro lado, Altieri afirmou também que o preço de liquidação das diferenças (PLD) e o custo marginal de operação (CMO) estão baixando, o que indica a necessidade futura do setor “decidir de uma vez por todas como vai ser a formação de preços do setor elétrico”, disse.

O executivo enxerga a necessidade de formação de um mercado de capacidade no país sem depender de situações meteorológicas e do clima e defende a presença das termelétricas no setor elétrico brasileiro como forma de dar segurança ao sistema. Segundo ele, a expansão do sistema por fontes renováveis como eólica e solar vai exigir também que mais térmicas estejam presentes para dar resiliência.

“Não se deve desumanizar as térmicas, já que elas que vão fazer o papel de segurança em momentos de escassez (…) Sem a fonte térmica, 18 pontos percentuais dos níveis dos reservatórios estariam perdidos”, calcula.

Segundo o executivo, o Brasil precisa se antecipar a isso, principalmente em um contexto em que o Brasil vive da dificuldade de construção de novas hidrelétricas e reservatórios.

Menos direitos trabalhistas no Brasil x mais direitos nos Estados Unidos

14 de outubro de 2021, 6h04

Por Janaina Ramon

Ao analisarmos comparativamente as medidas adotadas por Brasil e Estados Unidos na retomada de empregos pela pandemia, concessão de auxílios emergenciais e oportunidades de vagas para adolescentes, as políticas são tão opostas que chegam a assustar. Para quem, de cara, já se ressabia com a comparação, saiba que há mais semelhanças nas realidades vivenciadas do que diferenças.

Em primeiro lugar, em ambos os países — e quase que mundialmente — houve necessidade de políticas emergenciais por parte do governo federal de suporte aos trabalhadores, dado o aumento do desemprego causado pela pandemia do coronavírus. Dados comprovam que hoje o Brasil enfrenta um contingente de 14,8 milhões de pessoas desempregadas e os EUA continuam com uma média de mais de oito milhões de desempregados, após a perda de 22,3 milhões de empregos nos dois primeiros meses da crise pandêmica.

Com isso, como dito, buscando mitigar prejuízos econômicos e, principalmente, sociais, por aqui foi concedido auxílio-emergencial de R$ 150 para família "unipessoal" (com um indivíduo), R$ 250 para famílias com duas ou mais pessoas e R$ 375 para mães chefes de família monoparental mensais; já nos EUA, o valor pago foi de US$ 300 semanais, sendo que em alguns estados o montante poderia totalizar US$ 600. Sim, você não leu errado. Um ofertou montante mensal de auxílio, o outro semanal, sendo que, como países com diferenças econômicas e diferenças nas políticas estatais, é certo que os EUA estavam mais bem preparados em termos de assistência à sua população, por meio de cofres públicos mais abastecidos — o que pouco se consegue no Brasil com tanta corrupção.

Mas não é só. Nos EUA, a iniciativa privada melhorou seus programas de benefícios trabalhistas para incentivo de empregos a adolescentes, casos de Walmart e Amazon, que passaram a oferecer bônus de retenção e salários iniciais mais altos, situação também da famosa rede de lanchonetes McDonald's, que aumentou ofertas salariais e oportunidades para menores de 16 anos. Ou seja: criaram oportunidades de trabalho com melhores benefícios trabalhistas, certamente atrativos ao primeiro emprego.

Já no Brasil, o governo federal fez o contrário: tentou criar vagas de trabalho diminuindo encargos trabalhistas para as empresas, inclusive com ausência de reconhecimento de vínculo empregatício, ainda que preenchidos os requisitos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Foi o caso das malograda Medida Provisória 1045/2021, arquivada pelo Senado Federal, com previsão de programas de primeiro emprego e requalificação profissional que retiravam direitos trabalhistas básicos, mudanças na CLT e definição de quem pode contar com gratuidade no acesso à Justiça, políticas de claro desincentivo. Para tanto, lembramos que a MP tinha integral apoio do empresariado no país.

Aqui, portanto, o que se visa é à retirada de direitos dos trabalhadores, melhorando lucros empresariais e aproveitando-se de situação social precarizada em que um emprego sem direitos mínimos é melhor do que o desemprego, ao invés de pensar em políticas agregadoras que beneficiem empregado e empregador, ainda que este segundo tenha lucros "um pouco menores" — e falamos nesses termos em consideração ao fato de que as ofertas de trabalho com benefícios mais atrativos partiram das empresas. Porém, é sabido que a margem de lucro das empresas só cresce quando os trabalhadores são incentivados e reconhecidos.

Assim, passou do tempo de analisarmos os exemplos internacionais para constatar que tipo de nação queremos ser.

 

A prudência do agronegócio – Editorial O Estado de S.Paulo

Setores do agronegócio procuram alternativas a Jair Bolsonaro entre os candidatos de centro para as eleições presidenciais de 2022, mostrou reportagem do Estado. Além de ser uma atitude de prudência – com seus atuais índices de desaprovação, Jair Bolsonaro não é empecilho para a volta de Lula –, a movimentação revela um aspecto fundamental da relação entre o agronegócio e a política. Mais do que soluções, o lulopetismo e o bolsonarismo trazem problemas, de diversos níveis, para o setor agropecuário.

Por diferentes meios, Lula e Bolsonaro reforçam a equivocada imagem de que o agronegócio é inimigo do meio ambiente. Nos governos petistas, o setor sempre foi tratado como vilão das causas sociais e ambientais, o que levou a um agravamento dos conflitos entre o campo e ambientalistas, movimentos de sem-terra e ONGs. 

Dessa forma, a agropecuária não tem nenhum motivo para apoiar uma volta de Lula ao Palácio do Planalto. Significaria transigir com o nefasto histórico petista, que ainda não foi esquecido. Enquanto esteve no poder, o PT financiou, com dinheiro público, grupos e organizações cujas práticas incluíam difundir desinformação sobre o agronegócio, ameaçar produtores rurais e produzir tensão no campo.

Por isso, o apoio do campo em 2018 ao candidato anti-Lula foi tão expressivo. No entanto, de 2019 para cá, também ficou evidente que Jair Bolsonaro atrapalha o agronegócio. De forma inteiramente irracional, o Palácio do Planalto difundiu, no cenário internacional, a imagem de um Brasil inimigo do meio ambiente.

“A credibilidade do País foi perdida com a permissão de ilegalidades, a extração de madeira e o garimpo. Se não enfrentar isso e o grilo de terras, que é roubo de terra pública, não resolve nada, não adianta ficar falando de bioeconomia e de pagamento por serviço ambiental na Amazônia. Nisso o governo falhou e é muito grave”, disse Pedro de Camargo Neto, que foi presidente de diversas entidades do setor rural, ao Estado.

O agronegócio é um grande aliado da preservação ambiental. As áreas de vegetação nativa preservadas por agricultores, pecuaristas, silvicultores e extrativistas equivalem a 26,5% do território brasileiro, o que representa um imenso patrimônio privado imobilizado a serviço da preservação do meio ambiente. Entre outros fatores, esse quadro é o resultado de uma legislação ambiental moderna, equilibrada e responsável, que é referência no mundo inteiro.

No entanto, apesar de tudo isso, Jair Bolsonaro conseguiu dar ao Brasil a condição de pária internacional em matéria ambiental, o que favorece os concorrentes das exportações brasileiras. De forma paradoxal, o discurso a favor do meio ambiente tornou-se arma contrária aos produtos brasileiros. Ou seja, o bolsonarismo também faz mal ao agronegócio, ao dificultar a conquista e ampliação de novos mercados.

O distanciamento de setores do agronegócio em relação ao governo federal tornou-se explícito nas vésperas do 7 de Setembro. Enquanto o presidente Bolsonaro convocava a população para o enfrentamento com outros Poderes, entidades do setor publicaram uma veemente carta em defesa da democracia e das instituições.

“Somos força do progresso, do avanço, da estabilidade indispensável e não de crises evitáveis”, dizia o documento assinado, entre outras entidades, pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Vegetal. A carta também fazia um alerta a respeito do “tensionamento e riscos de retrocesso e rupturas”.

O agronegócio tem muito a ensinar ao País. Fala-se muito – e com razão – do seu papel positivo para a balança comercial. Suas contribuições, no entanto, vão muito além disso, por exemplo, na preservação ambiental, no aumento da produtividade e na criação de empregos cada vez mais qualificados. Agora, o setor pode ser também uma importante ajuda na política, fortalecendo o centro democrático e responsável (O Estado de S.Paulo, 12/10/21)

Pitada de preços: economia global apanhada em tempestade perfeita

Por Guy Faulconbridge e Andrew Macaskill , Daniel Leussink , Leika Kihara

 

LONDRES / TÓQUIO, 14 de outubro (Reuters) - De tigelas de carne em Tóquio a rolos de filé de frango em Londres, os consumidores estão começando a sentir a pressão do aumento dos custos que está afetando a economia global.

A recuperação da atividade econômica devido às restrições ao coronavírus expôs a escassez em toda a cadeia de abastecimento, com empresas lutando para encontrar trabalhadores, navios e até mesmo combustível para abastecer as fábricas, ameaçando uma recuperação incipiente.O maior produtor de frango da Grã-Bretanha alertou que a farra de 20 anos de alimentos baratos no país está chegando ao fim e que a inflação dos preços dos alimentos pode chegar a dois dígitos devido à onda de custos.

À medida que surge do Brexit e COVID, a quinta maior economia do mundo enfrenta uma escassez aguda de trabalhadores em depósitos, caminhoneiros e açougueiros, exacerbando as tensões da cadeia de abastecimento global."Os dias em que você poderia alimentar uma família de quatro pessoas com um frango de 3 libras (US $ 4) estão chegando ao fim", disse Ranjit Singh Boparan, proprietário do Grupo 2 Irmãs, em um comunicado na quinta-feira.

Mesmo no Japão, onde o crescimento fraco significou que os preços de muitas coisas - incluindo salários - não aumentaram muito nas últimas décadas, os consumidores e as empresas estão enfrentando um choque de preços para itens básicos como café e tigelas de carne.O núcleo da inflação ao consumidor no Japão só parou de cair em agosto, quebrando um período deflacionário de 12 meses. Economistas e legisladores esperam ver os recentes aumentos de preços refletidos nos dados oficiais nos próximos meses.

Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden pediu na quarta-feira que o setor privado ajudasse a aliviar os bloqueios da cadeia de abastecimento que ameaçam interromper a temporada de festas nos Estados Unidos.

Biden disse que o Porto de Los Angeles se juntaria ao Porto de Long Beach na expansão das operações 24 horas por dia para descarregar cerca de 500.000 contêineres esperando no mar, enquanto o Walmart (WMT.N) , Target (TGT.N) e outros grandes varejistas fariam expandir suas operações noturnas para tentar atender às necessidades de entrega.

FRENTE FRIA

Com o inverno se aproximando em algumas partes do mundo, as perspectivas parecem sombrias à medida que as fontes de alimentação diminuem .Com o tempo frio varrendo o norte da China, os preços do carvão se mantiveram perto de níveis recordes, com as usinas estocando o combustível para aliviar uma crise de energia que está alimentando uma inflação sem precedentes nas fábricas na segunda maior economia do mundo.

A crescente crise energética da China, causada pela escassez de carvão, altos preços dos combustíveis e a explosão da demanda industrial pós-pandemia, interrompeu a produção em várias fábricas, incluindo muitas que fornecem grandes marcas globais, como a Apple Inc (AAPL.O) .

O aumento dos preços da energia ajudou a enviar a inflação à porta da fábrica da China ao seu nível mais alto em pelo menos 25 anos em setembro, com o PPI subindo 10,7% no comparativo anual, mostraram os dados.

Mas a fraca demanda limitou a inflação ao consumidor, forçando os formuladores de políticas a caminharem na corda bamba entre apoiar a economia e alimentar ainda mais os preços ao produtor.Até agora, há poucos sinais de qualquer alívio nos custos de energia, com os preços do petróleo subindo novamente na quinta-feira em uma queda maior do que o esperado nos estoques de gasolina e destilados dos EUA.

O aumento também foi apoiado pelas expectativas de que o aumento dos preços do gás natural com a aproximação do inverno levará a uma mudança para o petróleo para atender à demanda de aquecimento, com os futuros do petróleo Brent atingindo US $ 83,85 o barril a 0647 GMT.

A Agência Internacional de Energia (IEA) disse que a crise energética deve aumentar a demanda de petróleo em meio milhão de barris por dia (bpd) e pode impulsionar a inflação e desacelerar a recuperação mundial da pandemia COVID-19."Os preços mais altos da energia também aumentam as pressões inflacionárias que, junto com as quedas de energia, podem levar à redução da atividade industrial e à desaceleração da recuperação econômica", disse a agência com sede em Paris em seu relatório mensal do petróleo.

Na Alemanha, os principais institutos econômicos do país reduziram sua previsão conjunta para o crescimento de 2021 na maior economia da Europa de 3,7% para 2,4%, já que gargalos de oferta prejudicam a produção, confirmando uma história da Reuters .

Em resposta à crescente crise do preço da energia, a Casa Branca tem conversado com produtores de petróleo e gás dos EUA nos últimos dias sobre como ajudar a reduzir os custos crescentes dos combustíveis, disseram à Reuters duas fontes familiarizadas com o assunto.

Nos Estados Unidos, o custo médio de varejo de um galão de gás está no máximo em sete anos, e os custos do combustível de inverno devem aumentar, de acordo com o Departamento de Energia dos EUA. A produção de petróleo e gás permanece abaixo do pico nacional alcançado em 2019.

CHIPS AINDA PARA BAIXO

A empresa holandesa de navegação e mapeamento digital TomTom (TOM2.AS) alertou que os problemas da cadeia de suprimentos no setor automotivo podem durar até o primeiro semestre de 2022, após ter relatado uma perda de núcleo trimestral maior do que o esperado.

A produção de automóveis foi atingida por uma escassez global de chips semicondutores, o que forçou as montadoras que ainda estão se recuperando das interrupções do coronavírus a interromper a produção novamente."Coletivamente, subestimamos o quão grande os problemas da cadeia de suprimentos, e especialmente para a escassez de semicondutores, foram ou se tornaram", disse o diretor financeiro da TomTom, Taco Titulaer, à Reuters na quinta-feira.

O aumento da demanda é uma bênção para algumas empresas. A TSMC de Taiwan (2330.TW) , a maior fabricante de chips contratada do mundo, relatou um salto de quase 14% no lucro do terceiro trimestre.

A TSMC e Taiwan em geral também se tornaram centrais nos esforços para resolver a escassez global de chips induzida pela pandemia, que prejudicou os fabricantes de smartphones, laptops e aparelhos de consumo, bem como as montadoras.

Algumas empresas, como a Toyota Motor Corp (7203.T) estão intensificando os esforços para reiniciar a produção, com a montadora japonesa esperando fazê-lo em dezembro com uma recuperação nos embarques de fornecedores atingidos pela pandemia, três fontes disseram à Reuters.A Toyota pediu aos fornecedores que compensem a produção perdida para que possa construir 97.000 veículos adicionais entre dezembro e o final de março, com alguns considerando turnos adicionais de fim de semana para fazê-lo, disseram as fontes.

Na Grã-Bretanha, o dono da varejista de descontos Poundland alertou que a pressão sobre as cadeias de suprimentos globais aumentou com a redução da disponibilidade de matéria-prima, levando à inflação das commodities.

O Pepco Group disse que isso foi agravado pela capacidade restrita de contêineres, que aumentou significativamente os custos de envio a partir do último trimestre.

Mas, em algumas raras boas notícias para os consumidores, a Pepco disse que não vai repassar a maior parte dos custos mais altos.

Bolsa sobe 1,14%, e dólar cai a R$ 5,51 com intervenção do Banco Central

Venda surpresa de US$ 1 bilhão de contratos de swap cambial freia alta da moeda americana.

A Bolsa de Valores brasileira subiu 1,14%, a 113.455 pontos, nesta quarta-feira (13). A recuperação reflete a procura de investidores por oportunidades após um mês de setembro conturbado que levou o mercado acionário às mínimas do ano.

A intervenção do Banco Central (BC) para conter a alta do dólar também ajudou a segurar a Bolsa em campo positivo, segundo analistas.

O dólar recuou 0,50%, a R$ 5,5090, após o BC ter colocado US$ 1 bilhão (R$ 5,5 bilhões) no mercado de câmbio por meio de uma venda surpresa de contratos de swap cambial tradicional.

O volume injetado nesta quarta foi o dobro do colocado na última vez que o BC recorreu a esse instrumento de forma extraordinária, em 30 de setembro. A intervenção, por meio da venda de 20 mil contratos de swap cambial, ocorreu após a moeda americana ter atingido R$ 5,57.

“A gente teve uma intervenção do Banco Central que entrou vendendo uma quantidade massiva de dólares e isso fez com que a moeda americana caísse de forma rápida e intensa”, diz Flávio de Oliveira, head de renda Variável da Zahl Investimentos.

O swap é um derivativo que permite troca de taxas ou rentabilidade de ativos financeiros. No caso do swap cambial tradicional, o título paga ao comprador a variação da taxa de câmbio acrescida de uma taxa de juros. Em troca, o BC recebe a variação da taxa Selic.

O objetivo do BC com esse instrumento é evitar movimento disfuncional do mercado de câmbio, provendo proteção contra variações excessivas do dólar em relação ao real e liquidez aos negócios. A colocação de contratos de swap tradicional, portanto, funciona como injeção de dólares no mercado futuro.

Para Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, a Bolsa reagiu bem ao anúncio de intervenção do Banco Central no câmbio e à falta de notícias prejudiciais aos investimentos em um dia de pouca movimentação em Brasília.

“Houve uma recuperação em relação ao histórico recente de baixas devido à expectativa de alta dos juros e de percepção do risco fiscal do Brasil, que levou à redução do fluxo de investimentos estrangeiros”, diz Abdelmalack.

“A busca por barganhas na Bolsa em vista do nível atual de sobrevenda vem sendo liderada pelos investidores estrangeiros, que na última semana ingressaram com R$ 1,84 bilhão e, neste mês, estão com saldo líquido de R$ 6,6 bilhões”, diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, destaca que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), colaborou para o bom humor do mercado doméstico nesta quarta ao se declarar favorável à privatização da Petrobras e também por afirmar que espera a votação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos precatórios para a próxima semana.

“Essas declarações tiram um pouco das incertezas sobre riscos fiscais", afirma Komura.

As críticas de integrantes do governo às altas nos preços dos combustíveis têm gerado incertezas no mercado sobre a autonomia da Petrobras para a manutenção da sua política de preços, o que vem impedindo a companhia de ampliar de forma mais significativa o seu valor em um momento de alta do petróleo.

Em relação aos precatórios, o mercado espera que o governo apresente uma solução para o pagamento da dívida de R$ 89 bilhões prevista para 2022, reduzindo assim as preocupações sobre a questão fiscal.

No exterior, os resultados das Bolsas americanas também colaboraram com os ganhos no Brasil, segundo Marcos Samad Júnior, sócio da Axia Investing.

“Os resultados de alguns bancos e de empresas de tecnologia do mercado americano que começam a divulgar os seus balanços trimestrais vieram melhor do que o esperado, ajudando a sustentar a B3 [Bolsa brasileira] acima dos 113 mil pontos”, diz Samad Júnior.

Os índices S&P 500 e Nasdaq subiram 0,30% e 0,73%, respectivamente. O Dow Jones encerrou estável.

 Nesta quarta, também houve a divulgação da ata da reunião dos dias 21 e 22 de setembro do Federal Reserve, o banco central americano, que mostrou que os membros da autoridade monetária permanecem divididos sobre o tamanho da ameaça que a inflação alta apresenta e quando o banco deverá começar a elevar os juros em resposta.

"Nenhuma decisão de avançar com uma moderação das compras de ativos foi tomada na reunião, mas os participantes em geral avaliaram que, desde que a recuperação econômica permaneça nos trilhos, um processo gradual de redução de estímulo que seja concluído em torno de meados do próximo ano deve ser adequado", mostrou o documento.

As autoridades discutiram cortar as compras de Treasuries (títulos do Tesouro) em US$ 10 bilhões (R$ 55,4 bilhões) por mês e as de títulos lastreados em hipoteca em US$ 5 bilhões (R$ 27,7 bilhões) por mês, disse a ata, embora vários participantes preferissem uma redução mais rápida.

Se a decisão de começar a reduzir o estímulo acontecer no encontro do Fed de 2 e 3 de novembro, o processo pode começar em meados de novembro ou meados de dezembro, segundo a ata.

A expectativa sobre redução de estímulos e, principalmente, sobre elevação dos juros nos EUA vem derrubando a Bolsa brasileira, pois o prêmio cobrado pelo investidor para aplicar em uma economia considerada arriscada passa a ser maior com a expectativa de ganhos mais altos com os juros americanos.

Analistas ouvidos pela Folha, porém, consideraram que a ata mais recente não trouxe novidades a ponto de prejudicar a Bolsa nesta quarta.

O petróleo Brent recuou 0,07%, a US$ 83,36 (R$ 462,40). A baixa da commodity não impediu a Petrobras (PETR4) de subir 1,06%.

A Vale (VALE3) recuou 2,96%, refletindo um dia de baixas nos preços dos contratos de minério de ferro.

Os destaques positivos ficaram por conta das fortes altas nos setores, bancários, de educação e do varejo. Entre as principais altas do dia estão as ações do Banco Pan (9,68%), do Banco Inter (8,71%), da Cogna Educação (6,42%) e do Petz (6,73%) (Reuters, 13/1/21)

 

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